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domingo, 10 de outubro de 2010

musica transformada em texto

“Olorum, Obatalá, Xangô, Obaluaê, oh Zambi. Ogum, Nanã, Iemanjá, Oxóssi, Exú, Oxum, Obá: deuses do panteão de Ifá. Velho negro de Xangô, o terreiro e o tambor te chamam. Mensageiro de Daomé, fale do filho de Javé: o sol e a luz de Nazaré”.
“Boa noite! Faz muito tempo que eu não vejo essa terra generosa que hospedou os meus desejos. Estou de volta nesse mundo, pouco tempo, por um dia. Tudo que eu lembrar eu conto sobre o filho de Maria. Êta mulher de coragem, Oxum da estrela-guia. Meu nome é Alabê de Jerusalém, chamado pela irmandade, cheguei pra matar saudade.
Era uma vez um menino que veio do céu na mão de uma bonita estrela e cresceu com outros meninos, em meio à brincadeira. Aprendeu com pai José a ser um carpinteiro. E um dia entrou no templo e fez o povo alegre, quando falou de liberdade feito gente grande. E ainda era um menino quando deixou sua terra e partiu pra longe. E ninguém soube dizer qual foi seu paradeiro. Mas o povo não esquecia o menino esperto que só tinha doze anos quando entrou no templo e falou de vida e morte feito gente grande. Já não era mais menino, quando apareceu de novo ele era gente grande. Seu cabelo era comprido, abaixo dos ombros, e uma barba cerrada lhe cobria o rosto. E os seus olhinhos brilhavam assim como as estrelas que o trouxe lá de longe já iam trinta anos.
E Ele disse: ‘eu sou a verdade e a vida. Eu sou filho de Deus pai, O Todo-Poderoso. A candeia dos aflitos, eu sou a luz do povo. O sol, o vento, o mar e a chuva são todos meus irmão. Minha voz é como a fonte, revigora os rios. Vim pra juntar as pontas quebradas deste anel. Se em teu coração me abrigas, és meu filho que herdarás o céu’.
E assim viveu esse menino, semeando amor, perdão, justiça e a caridade. Sossegava com o olhar o vento e a tempestade. E fazia até doutor de lei ficar calado. Até que um dia foi traído e sem mais nem menos, ele foi preso, espancado e, então, crucificado. E pra espanto das pessoas, depois de três dias que ele foi sepultado o seu corpo desapareceu do cemitério. E até hoje ninguém sabe qual seu paradeiro. Mas eu tenho uma certeza cá com a minha idéia de que ele mora lá no céu.
Já faz mais de dois mil anos de idade que a Santíssima Trindade esteve aqui junto de nós. Cantei só pra matar nossa saudade. Se eu cantar de novo eu choro. Se eu chorar eu perco a voz”.
“Eis que é chegada a hora: a espada irá surgir, incandescente como o raio, alucinante como o raio, brilhante como a luz do sol. Vem pra unir as pontas dos anéis partidos. Eu lavro a terra e ele semeia o trigo. Vem depois de mim, mas é antes de mim. Ele é o raio e eu sou o trovão.
Tem poder sobre as matas e os rios, sobre o mar e as marés. Ele é o sol do meio-dia, tem a sombra debaixo dos seus pés. Ele é um como a chuva que desce, Ele é um como o vento que vai, Ele é um como o universo, Ele é um como o meu Pai. Eu batizo com as águas do rio e ele batiza com o Espírito Santo”.
“Aqui dentro de mim tem um luar e uma manhã que anseia por alvorecer. Creio que o segredo é cavalgar no ventre da vida sem medo de me perder... Bem-aventurados os matagais, da floresta virgem de meu ser... Viva a ansiedade das marés do oceano virgem do meu ser”.
“Foi além da conta! É afronta o que vem dizendo esse senhor! É blasfêmia! É blasfêmia! É blasfêmia o que sai dos lábios do senhor! Exijo que o senhor se cale! Exijo que o senhor se cale! Exijo que o senhor se cale, por favor! Seu tambor invasor quer impor sonhos, delírios e ilusões.
Negro se você viu de perto, se foi testemunha, deve saber separar joio do trigo. Me diga se o ideal do nosso Mestre se parece com aquele, se parece com ele ou se parece comigo. Diga-nos com quem, amém! Do Mestre eu sou o próprio retrato, meu sacrifício é viver em celibato e é preciso coragem pra não ouvir a voz do desejo. Se tem alguém nesse planeta terrestre que tem algum direito à herança do Mestre, se levante, me conteste, vai, proteste. Quando chegar a hora do juízo, eu tenho a chave do paraíso. Quando chegar o dia, debaixo de meus pés eu verei esses santos todos em pranto queimando no fogo dos infiéis. Erguidos só nós, os escolhidos!
Negro, eu to te vendo de perto e há testemunha de que a sua história é por demais leviana. Imagine a sagrada escritura, de extrema brancura, se prestar à negrura de uma seita africana.
Daí clemência, oh Senhor da cruz, pra esse espírito sem luz!
Chega! Quem sois vós, preto-velho irritante, com essa voz petulante, pra falar de Jesus? Não admito essa seita patética, com essas santas frenéticas se envolvendo com a Luz. Se renda, se entregue ou então se defenda”.
“Já que você deu licença pra esse negro falar, não duvide da cabeça que tem coroa ou cocar. Nenhuma auréola resiste ao tempo sem se apagar, se não tiver a serviço de Deus ou de um orixá . Preto-velho vem de longe, minha crença tem estrada. Moço, exijo respeito a sua voz é malcriada. Não seja tão leviano, respeite minha Aruanda. Tem quase cinco mil anos de existência a minha banda.
Às vezes corações que ‘creem’ em Deus são mais duros que os ateus. Jogam pedras sobre as catedrais dos meus deuses iorubas. Não sabem que a nossa Terra é uma casa na aldeia. Religiões na Terra são archotes que clareiam.
Num canto da casa quem com fervor procura ajuda, tem um archote de Buda pra iluminar sua fé. Lá onde a terra pouco verdeia, pra não se perder na areia, tem que ter lá na candeia a chama de Maomé”.
“São as lágrimas da Oxum, as contas de Iemanjá, a serenidade de Nanã, a valentia de Oyá. Benditas sejam essas moças, deusas da natureza, que tiveram a gentileza de cuidar de Oxalá (Jesus). Uma dando o seu ventre, essa é a mais sagrada. Vai perpetuar seu nome. Saudações, ora-iê-iê. Saluba, Nanã, saluba! Bendito esse seu destino que preparou sua carne para ser a avó do menino. Nessa vida um bom começo é educação de berço. Olha a voz de Iemanjá, sofrendo a dor do exílio. Ela que cuidou dos filhos quando abriu o Mar Vermelho, é hoje apenas serei no reflexo do espelho. Estala Iansã! Instala a sua ventania na escrita da Cabala. Sua luz é um poema nos olhos de Madalena. De um olho d’água nasce um rio tão admirável e fecundo. Não há nenhum paralelo na história do nosso mundo como a saga das mulheres que cuidaram de Jesus”.
“Olha minha senhora, estou aqui em nome de Deus. Dou meus pêsames, minha senhora, pelo seu filho de faleceu. Essas lágrimas nos meus olhos, o ronco do meu tambor, não é só tristeza, minha senhora, é reverencia de Xangô. Eu vim aqui pra bater-cabeça nos pés de quem a luz do amor. A minha África saúda a mãe do vencedor.
Seu Ogum hasteou sua bandeira, na ponta do agadá. Omolu abençoou a madeira da cruzde Oxalá. Com cajado do tronco da oliveira, Xangô dançou pra Javé. E trazendo sua flecha guerreira, chegou Oxóssi de Daomé”.
“Desculpa de eu chegar aqui, agora. Sou intrusa, pecadora, isso eu sei. Eu vim em busca de uma tal senhora, que meu filho me dizia que era a mãe de um Rei. E eu disse pro meu filho: traga Ele aqui em casa, filho. Nada nem ninguém engana o coração de mãe. Eu posso te dizer se segues algum homem errado ou se você deve seguir seu coração. Meu filho não ouvia as coisas que eu dizia. Me acariciava os cabelos e beijava minhas mãos. E hoje terminaram os seus dias. Meu Deus, quanta solidão! Eu sou a mãe de Judas. Meu coração está sangrando, pois foi embora o meu rouxinol, meu rebento. E ele foi infeliz numa rajada de vento, numa chama sem luz. E eu vim aqui, vim para te conhecer, Maria. Ah, Maria, você é a mãe do melhor amigo do meu filho. Judas me falou de ti como quem fala de um grande abrigo. Você também perdeu sua flor e então sabe de mim. Me abrace, me toque, me dê sua mão, Maria. Hoje eu preciso do seu abrigo. Perdoe minha canção que é tão triste”.
“Não chora não, mulher. Deixa que Deus vai dar jeito. Nossos filhos não tem defeito, ainda mais quando lembramos daquelas coisinhas pequeninhas mamando no peito. Como é que a gente iria imaginar que eles estavam sujeitos aos malfeitos e maldades do mundo. Olhe, mulher, foram quase três anos que nossos filhos ficaram juntinhos quase todo dia. E aí, o coração dessa velha Maria, às vezes quase parava, às vezes quase explodia só de ouvir as más línguas dizendo que mais dia ou menos dia iriam pegar os nossos meninos. Será que os nosso meninos sabiam, mulher? E por que é que seu filho iria trair com um beijo alguém que brilhava como um relampejo? E todo mundo via. E todo mundo via. Até o forasteiro sabia o que o meu menino Jesus fazia. Olha mulher, não chore. Eu vou te lembrar agora daquela poesia linda do nosso vizinho: ‘nossos filhos não são nossos filhos. São filhos da ânsia da vida. Vem por nós, mas não nos pertencem. Podemos até abrigar seus corpos, mas não as suas almas. Nós somos o arco na mão do grande arqueiro’. Sejamos bons arcos, mulher, é o bastante. A vida não sabe andar para trás. E olha, confiai teu filho às ondas, assim como eu confiei o meu”.

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